NefroConnect - Aldosterona está associada a um risco aumentado de progressão da doença renal crónica

Os níveis elevados de aldosterona, uma hormona esteroide, estão relacionados com um risco aumentado de insuficiência renal em doentes com doença renal crónica (DRC), segundo indicam os dados de um estudo publicado no European Heart Journal. O risco de agravamento da DRC e a progressão para um estádio terminal de doença renal foram fatores independentes da presença ou ausência de diabetes, refere o estudo “Aldosterone in chronic kidney disease and renal outcomes”. Os achados do estudo sugerem que os níveis séricos elevados de aldosterona têm um papel relevante na progressão da DRC, independentemente da presença ou ausência de outras condições concomitantes, como a diabetes. Este estudo fornece ainda novos dados sobre a utilidade dos antagonistas do recetor de mineralocorticoide e sugere que esta classe de fármacos poderá retardar a progressão da DRC. A aldosterona, secretada pelas glândulas adrenais, tem um papel regulador do sódio e da água no organismo e, por conseguinte, no controlo da pressão arterial. O autor principal do estudo, Prof. Doutor Ashish Verma, professor assistente na Boston University School of Medicine, lembrou que os “ensaios controlados demonstraram que o fármaco finerenona conseguiu atrasar a progressão da DRC e os outcomes cardiovasculares adversos, em doentes com DRC e diabetes”. A finerenona é um fármaco dirigido ao recetor mineralocorticoide (MR) não-esteroide. Quando o recetor MR é ativado pela aldosterona, os níveis elevados da hormona conduzem à hipertensão arterial e à doença renal e cardiovascular. No estudo, os investigadores avaliaram a associação entre as concentrações de aldosterona no sangue e a progressão para doença renal em 3680 participantes do estudo Chronic Renal Insufficiency Cohort, que foi conduzido em sete centros clínicos dos Estados Unidos da América entre 2003 e 2008. O estudo focou-se na progressão para DRC, que foi definida por um declínio de 50 % da taxa de filtração glomerular estimada ou estádio terminal de doença renal. Os doentes foram seguidos ao longo de um período mediano de 10 anos. Durante este período, a progressão para DRC ocorreu em 1412 participantes (38 %). Os investigadores concluíram que as concentrações mais elevadas de aldosterona estavam associadas a uma taxa de filtração glomerular estimada mais baixa, níveis menores de potássio no sangue e elevadas concentrações de potássio e proteinúria na urina. Após ajuste de vários fatores, como idade, raça, peso e altura, medicação e outras condições clínicas, os investigadores demonstraram que maiores concentrações de aldosterona no sangue estavam ainda ligadas a um risco aumentado de progressão da DRC. “Estes achados sugerem que as concentrações elevadas de aldosterona têm um papel na progressão da DRC e da doença cardiovascular, em doentes com DRC. Neste estudo, é apresentada a evidência de que os antagonistas do recetor mineralocorticoide atrasam a progressão da DRC.” Nos Estados Unidos da América, a Food and Drug Administration aprovou o uso de finerenona em doentes com DRC e diabetes. Em 2017, a DRC afetava 9,1 % da população mundial, o que representa quase 700 milhões de casos.