NefroConnect - Um novo pilar no tratamento da doença renal crónica associada à diabetes e não só: quais as mais-valias de finerenona?

A finerenona foi um dos fármacos em destaque na terceira parte da sessão “Hypertension, Diabetes, Cardiovascular Diseases in CKD”, enquanto mudança no panorama do tratamento dos doentes com nefropatia diabética. Segundo o Prof. Doutor Jorge Malheiro, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia e nefrologista do Centro Hospitalar Universitário do Porto, este antagonista dos recetores mineralocorticoides não esteroide tem “um impacto muito favorável” na redução dos outcomes renais e pode ser usado “em todos os doentes que têm algum grau de albuminúria”, podendo funcionar como uma terapêutica “add-on”. Assista à entrevista em vídeo. De acordo com o Prof. Doutor Jorge Malheiro, é “com grande expectativa” que os profissionais de saúde “recebem” a finerenona, um antagonista do recetor mineralocorticoide não esteroide, “no tratamento dos doentes com doença renal crónica e diabetes”. Tal como explica, “os resultados que foram apresentados e que já foram replicados em meta-análise, de facto, mostram um impacto muito favorável deste fármaco na redução dos desfechos renais desfavoráveis”. Além disso, a finerenona tem como mais-valia a “amplitude da sua indicação”, uma vez que é indicada “em todos os doentes que têm algum grau de albuminúria, isto é, os doentes com A2 e A3, o que é um número muito significativo de doentes”. Por sua vez, “a capacidade de reduzir a albuminúria de uma percentagem, como foi demonstrada, na ordem dos 30%, tem um impacto muito favorável na melhoria dos resultados a longo prazo nesses doentes com a redução dos eventos desfavoráveis de mortalidade ou de end-stage renal disease”. Durante as suas declarações, o Prof. Doutor Jorge Malheiro destacou alguns aspetos, sendo o primeiro o facto de, “numa era de grandes inovações no tratamento da doença renal crónica” e em particular, associada à diabetes, a finerenona ser um “add-on”. Segundo o nefrologista, o tratamento dos doentes com nefropatia diabética assenta em pilares: os inibidores do sistema renina angiotensina (RAASi) ou os IECA/ARA e, mais recentemente, os inibidores SGLT2. Assim, a finerenona será um terceiro pilar. “O tempo dirá a nossa capacidade de o fazer, mas eu penso que é por aí que nós vamos”, diz o especialista, referindo-se à utilização concomitante dos três pilares de tratamento e às vantagens que a mesma pode trazer para os doentes, já que “é a multiplicação do impacto positivo que todos eles têm nos outcomes renais”, juntamente com outras mais-valias, por exemplo, a nível da segurança e diminuição de potenciais efeitos adversos como a hipercaliemia. O vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia mencionou ainda o estudo FIGARO (Pitt B et al. N Engl J Med. 2021; Ruilope LM et al. Nephrol Dial Transplant. 2023) para realçar, a seu ver, o que “é mandatório avaliar”, de forma a “detetar os doentes em risco” e medicá-los com “terapêuticas que podem ser modificadoras de prognóstico e que podem a longo prazo melhorar os resultados finais que estes doentes têm ao longo da sua vida em termos de redução de mortalidade ou de risco de virem a necessitar de diálise no seu futuro”. Antes de terminar, o Prof. Doutor Jorge Malheiro falou sobre a utilização da finerenona num “cenário comum”, isto é, doentes com doença renal crónica e insuficiência cardíaca, “da qual uma percentagem razoável tem uma fração de ejeção reduzida”.