NefroConnect - Erasmus N-PATH: um momento de aprendizagem de Nefrologia de Diagnóstico e de Intervenção

“Interesso-me muito por programas que facilitem e criem oportunidades de aprendizagem na área da Nefrologia de Diagnóstico e de Intervenção.” É neste âmbito que o Dr. Hugo Fernandes Diniz, nefrologista no Centro Hospitalar Universitário de São João, partilha a sua experiência no programa Erasmus N-PATH, Advanced European training Course in Diagnostics and Interventional Nephrology, a primeira pós-graduação em Nefrologia de Diagnóstico e Intervenção na Europa. O Advanced European training Course in Diagnostics and Interventional Nephrology é um programa formativo que recebeu apoios de fundos europeus, nomeadamente o programa Erasmus, e que envolveu esforços de várias universidades a nível europeu. Este projeto, como nos conta o especialista, pretende “capacitar internos nefrologistas de toda a Europa nesta vertente de Nefrologia mais interventiva; uma forte aposta na componente prática a nível de técnicas de diagnóstico, nomeadamente ecografia, e de intervenção, por exemplo, de biopsia renal ou intervenções relacionadas com acesso vascular”. Este programa está dividido em quatro módulos, cada um com o seu foco específico, nomeadamente a biopsia renal, leitura anatomopatológica, avaliação do cateter e diálise peritoneal, a sua colocação e gestão das complicações, aplicação do acesso vascular e de novas aplicações como a ecografia point-of-care. Com base no modelo de aprendizagem de e-learning, os internos podem assistir às aulas teóricas já gravadas e sessões em direto com especialistas em formação para “falarem com experts na matéria e discutir algumas temáticas específicas de cada módulo”. Além disso, tiveram ainda sessões práticas em diferentes centros com recurso a “modelos de simulação, quer com realidade aumentada, realidade virtual, modelos de pele sintética ou até mesmo modelos animais e inclusivamente contacto com doentes”. Durante dois anos de formação, 40 internos, de 13 países europeus, tiveram a oportunidade de participar neste encontro, “com uma participação portuguesa interessante”. O Dr. Hugo Fernandes Diniz destaca o envolvimento da Dr.ª Filipa Ferreira, do seu serviço, que “muito nos orgulhou de ter sido selecionada e ter completado esta formação com aproveitamento”. O especialista participou neste projeto enquanto membro do board da Young Nephrologists’ Platform. Neste último momento, em que o especialista marcou presença, realizou-se um levantamento de como os programas formativos foram aplicados nas diversas universidades e discussão sobre a preparação da próxima edição, destacando desde já o acesso ao financiamento como uma das principais limitações. A Young Nephrologists’ Platform é o Comité da European Renal Association (ERA), que representa os nefrologistas com menos de 40 anos. “Os nossos objetivos são gerar interesse para os colegas na ERA, promover oportunidades de potencial das suas carreiras e oportunidades educativas formativas que sejam mais-valias para os jovens nefrologistas.” Neste sentido, a Young Nephrologists’ Platform surge, no projeto Erasmus N-PATH, como “uma aposta numa área da Nefrologia em que alguns países não estão muito envolvidos”, já que estas valências são efetuadas por outras especialidades. O especialista acredita que a Nefrologia não é uma especialidade muito popular, pelo que se torna primordial tornar a especialidade mais atrativa, de acordo com o mote “Let's Make Nephrology Sexy Again” do N-PATH. Este programa permite aumentar o networking, considerado “essencial”, de forma a adquirir soft skills graças ao contacto e partilha de experiências entre colegas. Atualmente, existem 40 embaixadores deste projeto com vista a “expandir os conhecimentos regionalmente e tornar o programa e oferta formativo a nível europeu de uma maneira mais homogénea”. O especialista destaca que, “felizmente, em Portugal, já temos alguma cultura de sermos mais interventivos do que, por exemplo, os países do centro e do leste da Europa”, nomeadamente na área dos acessos vasculares e das biopsias renais. Estas práticas têm sido realizadas com “envolvimento muito direto dos nefrologistas portugueses”. O Dr. Hugo Fernandes Diniz defende que “temos de fomentar este espírito de que os nefrologistas não têm de ser só de uma especialidade de médicos mais intelectuais, mais de diagnóstico e de discussão, mas que também podem fazer os procedimentos e tomar a liderança nesta área”. Ao longo dos anos, o diagnóstico com a ecografia point-of-care tem ganho popularidade na comunidade nefrológica. “Acho que é extremamente positivo e acredito que será uma ferramenta capaz de se expandir e de provar a sua importância e utilidade clínica.” Este poderá ser um momento de mudança para começar a adquirir ecógrafos portáteis. Por fim, o especialista partilha que a plataforma do programa está, atualmente, aberta para qualquer profissional de saúde interessado, de forma gratuita. “Será um bom ponto de partida para um complemento destes especialistas.”